21 maio 2021 arquivado em: Blog digital

Nesse post, eu quero mostrar pra vocês os meus primeiros passinhos na pintura digital. Aqui, eu conto pra vocês o motivo pelo qual, depois de 10 anos trabalhando com aquarela, eu resolvi dar uma chance pro digital; conto o programa que eu tô usando pra fazer minhas pinturas, a mesa digitalizadora que eu investi e os cursos que mais me ajudaram a dar esses passos com segurança. Esse é um post pra eu olhar daqui a 5, 10 anos e pensar: caramba, como eu evoluí! Bom, pelo menos é o que eu espero hahaha

Tudo começou há um tempo atrás,

Na ilha do sooooooooool Em 2020, eu recebi uma proposta de trabalho fantástica, de um mercado de trabalho que eu queria muito fazer parte, mas precisei recusar por conta do prazo. Veja bem, eu me considero uma pessoa relativamente rápida na aquarela, então pra eu precisar recusar esse tipo de trabalho, foi porque realmente seria inviável dar conta de todas as etapas em tempo. Aí eu fiquei pensando justamente em todas essas etapas: rascunho, desenho, escanear, transferir pro papel de aquarela, pintar, digitalizar de volta, tratar a imagem… E comecei a perceber que, se eu conseguisse desenvolver um estilo de pintura digital que me agradasse, eu conseguiria eliminar pelo menos 5 dessas etapas – ou seja: otimização do fluxo de trabalho! Ou seja: não precisar recusar de novo trabalhos com prazos mais apertados!

Qual programa eu uso?

Antes de começar a mostrar pra vocês esse meu início de trajetória, é importante dizer que o programa que eu uso é o Adobe Photoshop. Eu uso o Photoshop desde que me entendo por gente – fazendo montagens toscas nas minhas fotos pro Orkut ou diagramando trabalhos da faculdade, ele sempre foi um fiel companheiro! Eu assino um dos planos e considero isso como parte dos meus investimentos em trabalho. É com essa assinatura, inclusive, que você tem acesso à biblioteca de brushes (pincéis) maravilhosa da Adobe, incluindo os famosos pincéis de aquarela do Kyle T. Webster!

Primeiros estudos

pintura digital - juliana rabelo

E aí eu fui lá, com a minha antiga mesinha Wacom Bamboo, que eu tinha já desde a época da faculdade (e nem se fabrica mais, aparentemente?), e comecei a fazer estudos iniciais com pincéis mais duros, sem textura, só mesmo pra estudar valores tonais. Todos esses estudos foram usando fotos de referência 🙂

Depois que eu fui me sentindo mais segura com essa percepção de valores tonais, fui adicionando cores aos estudos, pra começar a pensar em método de pintura, e também pra explorar os pincéis com textura. Os meus grandes aliados nesse momento foram bichinhos que voam fazendo coisas engraçadinhas:

pintura digital - juliana rabelo

E apesar de todos esses estudos parecerem maravilhosos, talvez (?), eu ainda tava sentindo muita dificuldade de realmente entender o que eu tava fazendo, sabe? Não é que eu não goste desses trabalhos, eu só tava achando muito estranho esse negócio de só ficar errando e acertando, dando tiro no escuro e conseguindo alguma coisa que me agradasse pela sorte.

Sair do tradicional depois de tanto tempo e começar no digital praticamente do zero foi muito frustrante pra mim, porque eu realmente achava que esse processo de adaptação ia ser bem mais rápido devido aos meus conhecimentos prévios. Mas que nada, eu parecia uma criança de 6 anos de idade desenhando no digital kkkkcry

Cintiq x iPad pro

ou: o parágrafo mais white people problem que você irá ler neste blog

Eu estava juntando dinheiro já há alguns anos pra fazer uma melhoria no meu material de digital. No final de 2020, eu recebi um pagamento alto de um trabalho, e na minha cabeça já estava muito certo que iria comprar um iPad. Eu salvava brushes e tutoriais do procreate, assistia timelapses, ficava me imaginando super desenhando nele deitada, no sofá da sala… Até que eu esbarrei com esse vídeo da Lila Cruz, e isso me fez pensar que:

  • além de me adaptar a uma nova mídia, eu teria de aprender um novo aplicativo (o Procreate);
  • eu não curto desenhar fora do meu espaço de trabalho;
  • mesmo se a gente não estivesse em uma pandemia, eu não teria coragem de sair de casa com um iPad nas mãos;
  • e que, no fim das contas, a minha vontade de ter um iPad tava muito mais relacionada à validação que eu sentiria por possuir um produto marca (capitalismo morra!), do que pelas vantagens e pela usabilidade do objeto em si. Cês num têm noção, gente, isso virou até tema na terapia!!!!!!!!!

E o veredito foi:

Depois de muito refletir, observar e conversar com outras artistas maravilhosas que também usavam a Cintiq, eu me senti muito confiante pra fazer esse investimento. O resumo dessa história foi que eu basicamente transferi todo o dinheiro do trabalho lá e mais um pouco pra conta da Wacom kkkkkkkkcry

Como tá sendo a experiência até aqui?

Eu fiquei muito maravilhada quando usei a Cintiq pela primeira vez! Essa coisa de você poder desenhar na tela fez muita diferença pra mim, que praticamente desenhei a vida toda no papel. A pressão que você coloca na caneta, por exemplo, fez muito mais sentido na minha cabeça vendo isso acontecendo ali, no suporte que eu tava desenhando, ao invés de fazer esse movimento em um canto e ver ele acontecendo em outro. Esse foi o meu primeiro desenho na mesa 😀

pintura digital - juliana rabelo

Fazem mais ou menos cinco meses que tô usando essa mesa, e até agora não tenho absolutamente nada a reclamar dela. De verdade. Valeu a pena cada centavo investido, porque pela primeira vez eu senti que eu tava entendendo o que tava acontecendo na minha frente.

Eu tenho estudado quase diariamente pra desenvolver a habilidade do desenho com o digital – parece que você desaprende a desenhar, e já sinto que é perceptível a evolução das minhas pinturas, mesmo com pouquinho tempo de prática :~)

pintura digital - juliana rabelo
essa foi a primeira ilustração mais complexa que fiz na mesa nova. O desenho da personagem e do gatinho não saíram de jeito nenhum no digital, aí fiz no papel, digitalizei e levei pro photoshop hahahaha
pintura digital - juliana rabelo
uma princesa no castelo e um DTIYS da Anna Charlie que nunca foram ao mundo (até agora!). Ainda me entendendo com as cores e o uso das texturas.
pintura digital - juliana rabelo
a diferença nos acabamentos de uma ilustração pra outra revelam uma ilustradora perdida e sem saber o que fazer da vida (porém experimentando tudo, assim como sempre encho o saco das minhas alunas pra fazer o mesmo heheheh).
pintura digital - juliana rabelo

Mas a ilustração dos lobos-guará foi a primeira que eu tive coragem de compartilhar publicamente, o que eu já considerei um grande passo, olha só 😀 hehehe

Cursos que me ajudaram (muito!!!!)

pintura digital - juliana rabelo
a Juliana Rabelo de 74 anos que habita em mim vos apresenta o caderninho de anotações de Photoshop hahahaha

Eu realmente achava que ia conseguir dar conta de desenrolar essa experiência sozinha, afinal, eu já sabia desenhar e pintar, e também tinha um bom conhecimento de Photoshop. Mas para a minha infeliz surpresa, a mesa caríssima que eu comprei não deixou a minha pintura maravilhosa automaticamente. Um absurdo, né, Wacom????

Brincadeiras à parte, foi muito doido perceber que, mesmo com todos os meus anos de experiência no tradicional, foi como se eu realmente tivesse aprendendo muita coisa do zero ali, no digital. Fluxo de trabalho, organização, e até o desenvolvimento de um estilo próprio de pintura (sim!!!!!!) foram coisas que eu precisei de muita ajuda pra conseguir virar a chavinha – e aqui, quero deixar registrado um obrigada especial para a maravilhosa Raíssa Bulhões, que se dispôs a me ensinar muita coisa de Photoshop, e dividiu comigo a felicidade da primeira pintura digital que deu certo pra mim :’) Além da contribuição dela, esses foram os cursos que fizeram toda a diferença no meu processo:

#1 ♥ Histórias infantis ilustradas: personagens e cenários

Bom, o primeiro curso que eu fiz pensando em melhorar foi o da maravilhosa Giovanna Medeiros, que trabalha tanto no tradicional como no digital, e o que eu mais curti nesse curso é que ela traz uma possibilidade muito bonita de transpor a linguagem do tradicional pro digital, por meio de pincéis específicos e de recursos, como o de digitalizar pinceladas de tinta! (juro que minha cabeça explodiu nessa hora, porque eu NUNCA tinha pensado nessa possibilidade!). Esse foi o meu projeto final pro curso dela, e foi a primeira vez que eu me senti realmente orgulhosa de uma pintura digital minha 🙂

pintura digital - juliana rabelo

se você curtiu a proposta do curso e quer fazer também, é só clicar aqui! 🙂

#2 ♥ Photoshop para ilustradores

Lembra quando eu falei ali em cima que usava o Photoshop pra tudo, desde sempre? Eu achava que sabia mexer no Photoshop. No curso da Gemma Gould, eu descobri que tava usando só, sei lá, 30% do programa. Tudo que eu aprendi sobre Photoshop foi vendo tutoriais na internet, a maior parte deles voltados pra fotografia e publicidade. O mais legal desse curso é que ele realmente é voltado pra ilustradores, então você não fica tendo aquele trabalho de entender como funciona a ferramenta, e depois quebrar a cabeça pra ver como você vai conseguir adaptar isso no seu trabalho, sabe? O curso é muito completo e objetivo, e eu sinto que ele é daqueles que toda vida que você reassistir, vai descobrir coisas novas :~) E ele explora o Photoshop desde os primeiros passos, então ele é 100% recomendado para iniciantes. 🙂 Esse foi o meu projeto final pro curso:

pintura digital - juliana rabelo

Juro que a repetição do sapinho foi pura coincidência hahaha se você curtiu a proposta do curso e quer fazer também, é só clicar aqui! 🙂

#3 ♥ Aquarela digital

E por último, mas de jeito nenhum menos importante, o curso de Aquarela Digital, do Adilson Farias foi o que fez virar uma sucessão de chavinhas na minha cabeça. Eu lembro de ter começado a fazer o curso no mesmo dia que eu comprei, e quando ele começou a explicar sobre como cada pincel de aquarela pode ser usado, quais as relações dos pincéis com as aguadas que a gente faz no papel…. Putz, eu comecei a pintar uma ilustração e terminei tudo em uma sentada só hahahaha

pintura digital - juliana rabelo

você pode conhecer o curso de Aquarela Digital clicando aqui 🙂

O curso ainda ensina algumas possibilidades de texturas em aquarela, que você pode digitalizar e usar no Photoshop, além de mostrar métodos super interessantes de pintura em técnica mista (aquarela + pintura digital). Se você não sabe desenhar, ou se quer praticar os conhecimentos em um desenho já pronto, o professor disponibiliza desenhos feitos por ele mesmo, pra você treinar 😀 É um curso que valeu MUITO a pena pra mim, e sinto que depois dessa ilustração, é como se eu tivesse conseguido dar muitos passos na direção de um fluxo de trabalho mais otimizado, além de ter encontrado o caminho pra incorporar o meu estilo de pintura no digital! Pra quem se interessou, basta clicar aqui pra adquirir o curso 🙂

Pra não dizer que não tenho nada pra reclamar…

pintura digital

A única coisa que eu ainda tô tendo dificuldade é com a organização/posição dos materiais na mesa e com a minha postura, mas isso não tem nada a ver com a mesa hehehe! Atualmente, a Cintiq fica inclinada, apoiada em alguns livros (tô namorando com o suporte da Wacom, mas ainda é um sentimento não corre$pondido……), e o meu teclado fica em uma gavetinha da minha mesa. Preciso melhorar esse setup, porque tem momentos que eu percebo que minha coluna tá dando um nó???? Será que isso acontece com todo mundo ou tem um jeito melhor de você organizar as coisas?

Oi, Wacom, tutupom? Vamo conversar? Tende piedade desta ilustradora por favor….

E isto é tudo (por enquanto) 😀

Quando o Rodrigo Cordeiro me entrevistou, eu tinha acabado de comprar a Cintiq, e lá eu conto um pouco mais dessa experiência bem inicial, as minhas expectativas e planos com o digital – no vídeo, eu falo que eu ainda não sei o que eu quero na pintura digital, se criar um novo estilo, ou se tentar simular a aquarela. Eu também falo que ainda não tinha postado nenhum estudo nas redes sociais, porque ainda não tava sentindo que era aquilo. E hoje, 3 meses depois desse vídeo, eu já me sinto um pouco mais segura pra compartilhar nesse blog, que é o meu tesouro de mensagens de carinho pro meu eu do futuro, os primeiros registros dessa caminhada.

Obrigada por dividirem esse momento comigo ♥

5
amaram
    9 anos de aquarela depois…
    Dois girassóis em um ano

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

7 Comentários