Eu quase sempre venho aqui pra escrever sobre processo criativo de ilustrações que deram certo, né? Mas hoje eu quero compartilhar um processo diferente de todos os outros que você já leu nesse blog. Um processo que foi difícil, demorado, cheio de erros, frustrações, coisas que deram errado e estavam fora do meu controle… Mas que, no final, consegui fazer dar certo 🙂
No finalzinho do ano passado, eu tive essa ideia que veio muito tímida e rápida, e tratei de registrar no sketchbook pra não perder. Era aparentemente simples: uma mocinha voando com um girassol (eles aparecem bastante por aqui, né? ♥). A intenção inicial era ter feito com guache, mas depois mudei de ideia.
Pois bem, no comecinho do mês eu lembrei dessa ideia e decidi retomá-la. Comecei a fazer alguns estudos mais específicos de composição, pose, luz e sombra, cores…
Senti alguma dificuldade em alguns pontos do desenho, mas até aí, nada de muito extraordinário.
Depois de estar mais segura com a organização geral dos elementos, parti pro desenho final, e depois levei pro Photoshop pra ajustar algumas coisinhas de proporção e forma, especialmente essa vista de baixo do girassol, que precisei usar uma imagem de referência do início ao fim do processo! A roupinha foi feita à mão, por cima desse novo desenho, e decidida com a ajuda da galera do instagram, que me deu sugestões ótimas! ♥ Inclusive, uma pena eu ter visto tarde demais a sugestão da roupa de joaninha hahaha :~ vai ficar pra uma próxima…
Com o desenho já definido, passei pra folha de aquarela usando a mesa de luz. Essa é uma parte que eu detesto, porque preciso esperar anoitecer pra aproveitar o máximo da mesa de luz (eu sou uma pessoa 100% diurna, e sinto MUITO sono quando o sol começa a ir embora), e também porque tenho astigmatismo como todo cearense que se preste, e esse processo machuca demais a minha vista :~
A minha primeira tentativa de pintura dessa imagem foi meio frustrante. Não senti que fiz uma boa escolha de cores, achei tudo muito poluído. Mas tentei não me deixar abater por isso – apesar de fazer muito tempo que eu não tinha uma dificuldade dessas com cores, tentei aproveitar a situação pra fazer anotações, experimentar algumas coisas e enfim, extrair algum aprendizado.
Eu acho que realmente comecei a perder a paciência quando transferi o desenho mais uma vez – aquele processo que eu detesto -, e o papel me resolve estar mofado.
A pior parte desse rolê de papel mofar é que você geralmente só descobre na hora de pintar. Depois de já ter feito o desenho e tudo. Nessa hora, eu quase chorei. :~
E aí me deu um misto de raiva com teimosia latente, e eu me determinei a não desistir dessa ilustração. O meu pensamento era mais ou menos assim: eu vou terminar essa @#$*¨! agora só de ruim!
E aí eu acordei numa manhã gostosa de domingo, sem raiva nem mágoas do meu desenho, e fui pintando devagarinho. Observando e aproveitando cada etapa do processo.
Tentando contemplar e admirar cada pequeno passo, comemorando cada pequena vitória. Me colocando em um lugar de muita consciência de cada pincelada que eu dava, cada cor que eu escolhia, cada escolha que eu fazia. E com medo do próximo passo, mas me permitindo ficar feliz com as coisas que iam dando certo. :~)
Quanto mais pertinho eu chegava do final dessa pintura, mais eu ia retomando a confiança e ficando feliz, feliz de verdade. :~) ♥
Essa ilustração me abriu os olhos pra algumas coisas que eu estava tendo dificuldade de enxergar, ou talvez pelos anos de prática, estava esquecendo de olhar com carinho:
No fim das contas, consegui até filmar várias etapas do processo e transformar todos esses dias de produção, frustração e teimosia em 6:40 de puro deleite! hahaha!
E resolvi compartilhar toda essa saga por aqui pra deixar registrado que o caminho nem sempre é uma linha reta (quase nunca é), que nem sempre a gente vai acertar tudo de primeira, e que tudo bem você sentir dificuldade em um assunto que achava que estava dominando (a gente sempre tem o que aprender).
lila
Ju, obrigada por compartilhar esse processo. muitas vezes tb perco a mão ou me apresso nas etapas por ansiedade.
eu tinha gostado da 1ª versão, como tinha dito… mas a última valorizou muito mais a pintura!
beijos!
Lila
FRANCISCO
AMEI MUITO O RESULTADO FINAL, NEM SABIA QUE PAPEL FICAVA ASSIM MOFADO HAHA!
aNDY
MUITO LEGAL ESSE POST.
É aquela sofridinha que às vezes é necessária para um trabalho sair legal.
Parabéns pela sua arte. Bastante inspiradora a todos nós e enche os olhos com sua beleza tão sublime.